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Exame de próstata: teste avalia agressividade e recorrência da doença

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Neste texto, vamos entender melhor como funciona o diagnóstico através dos exames de próstata.

O câncer de próstata é o segundo com maior incidência em homens brasileiros, perdendo apenas para o câncer de pele não melanoma. Segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA), no Brasil, estimam-se 65.840 casos novos de câncer de próstata para cada ano do triênio 2020-2022. Esse valor corresponde a um risco estimado de 62,95 casos novos a cada 100 mil homens.

O problema é que o câncer de próstata não mostra sinais claros de seu surgimento. Quando muito, traz alguns sintomas facilmente confundíveis com doenças benignas da próstata, como sintomas urinários. O melhor método é fazer o exame frequentemente, de acordo com o recomendado pelo urologista.

A partir de qual idade fazer exame de próstata? 

A partir dos 50 anos, entre pessoas fora dos grupos de risco, e a partir de 45 anos para homens negros (que são mais suscetíveis a esse tipo de tumor) ou com histórico familiar de câncer de próstata.

Quais exames são feitos para detectar câncer de próstata?

Os principais exames para detecção de câncer de próstata são a dosagem de PSA, o exame de sangue, o toque retal e a biópsia da próstata.

Toque retal e PSA são exames que se complementam e, quando apontam alterações na próstata, o indicado é que o paciente realize a biópsia.

PSA para exame de próstata

O PSA é uma proteína produzida pela próstata, e não pelo tumor. Seu aumento pode, sim, ser indicativo de câncer de próstata, mas também está associado a inflamações e a várias outras alterações benignas do órgão. Até andar de bicicleta pode gerar aumento dos níveis de PSA.

Tabu para muitos homens, o exame de toque retal é indolor, não demora mais que 1 minuto e, quando realizado regularmente, permite identificar tumores em fases bem iniciais. Essa frequência, no entanto, é variável: pode ir de um a quatro anos. É o urologista quem vai determinar essa periodicidade.

Por fim, a biópsia, o único exame capaz de fazer o diagnóstico do câncer de próstata. É um procedimento realizado preferencialmente por via transretal guiada por ultrassom. O urologista retira pequenos fragmentos de tecido da próstata, que serão encaminhados para análise histopatológica. É indicado em casos de valor de PSA elevado, alterações na próstata durante o toque retal ou achados suspeitos na ressonância magnética. 

O tratamento do câncer de próstata pode variar de acordo com o tumor?

Sim. A modalidade vai depender do perfil do paciente, do tipo e do tamanho do tumor. Muitas vezes, há mais de uma alternativa de tratamento e cabe ao médico apresentar ao paciente os prós e contras de cada opção. Assim, ele pode escolher a que melhor atende às suas expectativas e a mais adequada ao seu estilo de vida. Algumas vezes, nem tratamento é necessário.

Essas modalidades variam entre vigilância ativa, HIFU, cirurgia e radioterapia.

Vigilância ativa

É o monitoramento do câncer de próstata de  baixo risco e pouco volume. Ela é feita em tumores que não vão passar por uma cirurgia de remoção ou radioterapia, mas que podem passar por um tratamento curativo quando necessário. O objetivo, aqui, é postergar tratamentos e seus efeitos colaterais associados (incontinência urinária e disfunção erétil). 

A vigilância ativa é feita por meio de exames e consultas periódicas, que costumam acontecer a cada seis meses. O protocolo se baseia nos exames de detecção e diagnóstico: toque retal, dosagem de PSA, exames de imagem e biópsia da próstata a cada 12 ou 18 meses.

HIFU

O ultrassom focalizado de alta intensidade (HIFU) é um tratamento não invasivo, não incisivo e livre de radiação. Nesse procedimento, o urologista insere uma sonda no reto do paciente, que antes recebe anestesia espinhal ou geral. Com a sonda é possível visualizar a próstata e gerar ultrassom focado, que é utilizado para queimar as células cancerígenas.

O tratamento pode ser:

  • Focal: apenas a área afetada da próstata pelo câncer é tratada. O médico determinará a região a ser destruída graças à fusão elástica das imagens diagnósticas (MRI ou biópsia) com as imagens de ultrassom em tempo real permitidas pela sonda
  • Parcial: parte do próstata é tratada;
  • Total: a próstata integral é tratada.

O tratamento com HIFU dura entre 1h30 e 2h30. Pode ser realizado de forma ambulatorial ou com uma estadia de uma ou duas noites no hospital. O objetivo é diminuir os efeitos colaterais associados aos tratamentos radicais convencionais.

Cirurgia de câncer de próstata 

Existem três tipos de cirurgia de câncer de próstata, chamada de prostatectomia:

  • Radical ou total: o médico faz uma incisão na pele abaixo do umbigo até a região do púbis com intuito de retirar próstata, vesícula seminal, linfonodos pélvicos e reconstruir o trato urinário inferior;
  • Radical laparoscópica: tem o mesmo objetivo da anterior, mas nesta o cirurgião faz pequenas incisões de até 1 cm por meio da parede abdominal para ter acesso à próstata;
  • Radical robótica: cirurgiões comandam o procedimento cirúrgico por meio de uma tela de alta definição e controles específicos. 

Radioterapia

Durante 40 sessões, em um período de seis a oito semanas, o paciente é submetido a altas doses de radiação, que destroem as células e causam lesões em seu DNA.

Cada sessão é indolor e dura cerca de 20 minutos. Mas há efeitos colaterais, como a impotência sexual (que pode ocorrer até meses após o tratamento) e distúrbios intestinais,  como dor, cólica e sangramento.

É necessário fazer prostatectomia ao ser diagnosticado?

De acordo com a Sociedade Brasileira de Urologia, esse procedimento cirúrgico não é necessário na seguinte situação: pacientes de baixo risco, com expectativa de vida maior que 10 anos, cT1c, PSA ≤ 10 ng/mL, Escore de Gleason <7, ≤ 2 fragmentos da biópsia positivos com ≤ 50% de envolvimento em cada um e um PSADT > 3 anos.

Quais os benefícios de realizar o teste genético de próstata?

O teste genético de próstata avalia a presença de alterações em genes que estão relacionados com o aumento do risco de desenvolvimento de câncer. Dentre as pessoas que não têm tumor, ele seleciona aqueles que apresentam maior risco de desenvolver, e dentre os indivíduos que já têm o diagnóstico de tumor e auxilia na decisão de seguir o paciente em vigilância ativa ou não. 

Além disso, o teste ajuda a ver quais pacientes têm indicação de terapias com inibidores de PARP (medicamento usado em algumas situações desses pacientes com diagnóstico de câncer de próstata), ou seja, o teste genético também tem influência no medicamento escolhido para o tratamento do paciente.

O que é o exame Prolaris e para que serve?

O Prolaris é um exame genômico que analisa a expressão de RNA de 46 genes para pesquisar a agressividade do câncer de próstata em um paciente que já tem esse diagnóstico. 

Ele serve para avaliar qual o risco do paciente morrer pelo câncer se optar por não retirar a próstata. E, se o indivíduo optar por realizar o tratamento definitivo, seja por cirurgia ou radioterapia, mostrará o risco desse paciente desenvolver metástase em 10 anos. Assim o oncologista, urologista e paciente podem discutir estratégias de tratamento para que o paciente possa ter melhor qualidade de vida e um tratamento adequado para a agressividade da doença que ele tem.