Doenças
Diagnóstico de câncer de mama e os próximos passos após a confirmação
Dra. Michele Patricia Migliavacca
15 de março de 2022
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Receber o diagnóstico de câncer de mama não é uma tarefa fácil. Quando isso ocorre, diversos tipos de tratamentos podem ser solicitados para reduzir as chances de complicações e tentar controlar a doença. Essa decisão deve ser feita de acordo com a análise conjunta do mastologista e oncologista responsáveis pelo caso em particular.
Além disso, é de extrema necessidade que exames de rotina sejam feitos regularmente para detecção precoce de possíveis tumores malignos.
Como é feito o diagnóstico do câncer de mama?
O diagnóstico de câncer de mama é realizado através da biópsia de nódulo de mama visto em um exame de imagem.
Toda mulher com mais de 40 anos deve realizar mamografia para rastreamento de neoplasia de mama anualmente. Caso algum nódulo seja identificado em algum exame de rastreamento, ou a mulher palpe um nódulo e faça algum exame de imagem para diagnóstico e seja encontrado algum nódulo suspeito, deve-se realizar biópsia e encaminhá-la para avaliação do patologista. É por essa análise que o diagnóstico é concedido.
Como é o resultado de câncer de mama no exame?
O patologista irá avaliar a biópsia do nódulo e no laudo vem descrito como carcinoma de mama.
Depois desse diagnóstico devemos solicitar um exame complementar, chamado de imunohistoquímica, que nos ajuda a dizer se o tumor possui receptores hormonais positivos e uma oncoproteína chamada HER2. De acordo com esses marcadores definimos os próximos passos do tratamento.
Qual a importância do diagnóstico precoce de câncer de mama?
O diagnóstico precoce é importante para todos os tipos de tumores, não apenas de mama. Quanto mais rápido diagnosticarmos o tumor, menor a chance de ele ter se espalhado para linfonodos e para outros órgãos com acometimento de metástase, que é quando se torna incurável.
Os tumores diagnosticados mais precocemente também recebem tratamento menos intensos, por exemplo, a cirurgia é menor, podemos fazer apenas a retirada de um pedaço da mama, chamada de quadrantectomia, sem precisar retirar a mama inteira (mastectomia). Além disso, quando diagnosticado precocemente, muitas mulheres não necessitam de quimioterapia, tornando o tratamento menos agressivo.
O que fazer após ser diagnosticada com câncer de mama?
Após ter o resultado de câncer de mama a paciente deverá se consultar com mastologista e oncologista. Em alguns casos é necessário começar com a quimioterapia e depois ir para a cirurgia, já em outros é necessário ir direto para a cirurgia.
É sempre aconselhável que o mastologista e o oncologista discutam para traçar a melhor estratégia do tratamento para câncer de mama de cada paciente.
Como definir o tratamento mais adequado para esse tipo de câncer?
O tratamento é multidisciplinar e feito dependendo dos tipos de câncer de mama. Devemos ter o acompanhamento do cirurgião de mama para a cirurgia, o oncologista para guiar a quimioterapia e a hormonioterapia e o radioterapeuta para a radioterapia.
Na maior parte dos casos, o tratamento se inicia com a cirurgia da mama. De acordo com o tipo de cirurgia realizada, por exemplo, se for uma cirurgia conservadora em que se retira apenas uma parte da mama, há necessidade de realizar radioterapia complementar. Tanto a cirurgia quanto a radioterapia são tratamentos locais, ou seja, atuam focados nas mamas.
Após a cirurgia deve-se avaliar se há necessidade ou não de quimioterapia, que é um tratamento para matar alguma eventual célula que tenha escapado da mama para outro local do corpo. Hoje em dia dispomos de testes realizados no próprio tumor, que avaliam os genes, chamados de testes genômicos. Estes testes, como o Endopredict, conseguem nos predizer se a mulher se beneficia da quimioterapia ou se esse tratamento seria fútil para ela e não traria benefício ao seu tratamento. Baseado na nota do teste definimos se há necessidade ou não do uso de quimioterapia.
Aproximadamente 70% das mulheres na pós menopausa com tumores de receptor hormonal positivo HER2 negativo e sem acometimento linfonodal, conseguem se livrar da quimioterapia com estes exames. Após definido a etapa da quimioterapia, caso o tumor tenha receptores hormonais, há necessidade do uso de comprimidos anti-hormonais por 5 a 10 anos.
Dra. Michele Patricia Migliavacca