Notícias

Desenvolvimento Embrionário e a jornada da paciente na reprodução assistida

Luiza Chaves - Biomédica MSc

Compartilhe este artigo:

O que você precisa saber sobre testes genéticos

Desenvolvimento Embrionário: o que é?

O desenvolvimento embrionário nada mais é que o conjunto de mudanças que ocorrem ao embrião durante as nove semanas seguintes a fecundação dos gametas. Já a reprodução assistida é definida como um conjunto de intervenções e tratamentos que auxiliam o processo de fertilização, com o objetivo de ter um bebê em casa.

Quais são as fases do desenvolvimento embrionário humano?

A primeira fase ocorre logo após a fecundação com a formação de um zigoto, formado por uma única célula. O zigoto passa por processos de divisão celular, chamado de clivagem, até se tornar um blastocisto, formado por cerca de 200 células. O processo dura cerca de 5-7 dias. Na segunda fase o blastocisto passará pelo processo de gastrulação para formar os três folhetos embrionários, endoderma, mesoderma e ectoderma, e passará a ser chamado de gástrula. O processo ocorre durante a 3ª semana de desenvolvimento. Na terceira fase, entre a 4ª e a 8ª semana de desenvolvimento temos a diferenciação dos folhetos embrionários em tecidos e órgãos durante um processo chamado de organogênese. O início da 9ª semana sinaliza o fim do período embrionário e início do período fetal.

Quando a reprodução assistida é indicada?

Atualmente cerca de 1 em cada 6 pessoas, 17.5% da população adulta, é infértil (OMS, 2023), índice esse que explica como a necessidade de tratamentos de reprodução assistida (RA) vem se tornando mais explorada de forma exponencial. A indicação para RA pode se basear na infertilidade feminina, masculina, ou até em um conjunto de ambos, e essa definição ajuda os profissionais a determinarem qual o melhor seguimento e curso de tratamento a ser tomado em cada caso.

Identificar a causa da infertilidade não é um processo simples, e hoje temos um alto índice de casos classificados como infertilidade idiopática, pois não foi possível identificar um fator causativo. No entanto, dentre os fatores que estão correlacionados a infertilidade podemos citar:

  1. Alterações cromossômicas, como translocações e inversões
  2. Alterações gênicas, como fibrose cística e síndrome do X frágil
  3. Idade materna avançada
  4. Fatores femininos, como alterações uterinas, tubárias, ovarianas
  5. Fatores masculinos, como alterações espermáticas
  6. Fatores ambientais, como alimentação, hábitos e exposição a agentes patogênicos

Qual a importância do teste pré-implantacional na reprodução?

Ao longo dos anos foram sendo desenvolvidas técnicas cada vez mais avançadas na área de reprodução assistida, como a análise embrionária. Hoje dispomos de testes que são realizados em células embrionárias, biopsiadas durante a fase de blastocisto, que nos permitem identificar o perfil genético de um embrião. O PGT-A e o PGT-SR, ou teste genético pré-implantacional para aneuploidias, e rearranjos estruturais, respectivamente, permitem a identificação e seleção de embriões que não possuam alterações cromossômicas, também chamadas de aneuploidias, como a síndrome de Down. Já o PGT-M, ou teste genético pré-implantacional para doenças monogênicas, permite a identificação de embriões que não sejam afetados e/ou portadores de uma alteração gênica, ou variante, específica presente na família, como a distrofia muscular de Duchenne/Becker.

Os testes genéticos pré-implantacionais fornecem um aumento nas taxas de gestações evolutivas e de nascimentos de crianças saudáveis, resultando na diminuição nas taxas de perdas gestacionais e nascimento de crianças acometidas.

O que é mosaicismo e quais são os riscos?

Durante as análises de PGT-A e PGT-SR temos a possibilidade de alguns resultados diferentes, dentre eles euploide, balanceado, aneuploide e mosaico. Embriões euploides são aqueles em que não foi identificada nenhuma aneuploidia, possuindo 46 cromossomos (46,XX ou 46,XY), e sendo o resultado esperado. Já os embriões aneuploides são aqueles em que foi identificada pelo menos uma aneuploidia, ou seja, ganho ou perda de cromossomos (≥47 ou ≤45, respectivamente). Embriões mosaicos são aqueles que possuem mais de uma linhagem celular, apresentando dois perfis genéticos diferentes, ou seja, podem possuir células euploides e aneuploides.

Com base na literatura atual, como na presença de relatos de nascidos vivos afetados com a alteração e sua correlação com perdas gestacionais, e nas características do mosaicismo embrionário, é possível criar um ranking de prioridade de transferência de embriões. As características do mosaicismo são listadas abaixo:

  1. Grau, alto (50-70% das células alteradas) e baixo (30-49% das células alteradas)
  2. Tipo de alteração, trissomia (1 cópia extra) e monossomia (1 cópia a menos), completa (cromossomo inteiro) e parcial (segmento do cromossomo)
  3. Cromossomo envolvido, 1 ao 22, X ou Y

Importância do aconselhamento genético na reprodução humana

É indicado que em todos os casos de investigação genética seja realizada uma consulta de aconselhamento genético, com profissional habilitado, tanto em momento pré-teste, para melhor compreensão das indicações, possibilidades de testes, sua metodologia e o que irá investigar, e em momento pós teste, para maior elucidação quanto ao resultado e seguimentos a serem tomados.

Na Dasa Genômica dispomos de serviços gratuitos de aconselhamento genético com médicos geneticistas. Para maiores informações entre em contato com nosso time de relacionamento.

Revisão por: Nathalia Gonçalves – pós doutora com foco em genética

Luiza Chaves - Biomédica MSc